2.7.14

A poesia de Sophia

Sophia AndresenSophia de Mello Breyner AndresenPortugal
[Wikipedia]
6 Nov 1919 // 2 Jul 2004Poeta
  
  
Pranto pelo Dia de HojeNunca choraremos bastante quando vemos 
O gesto criador ser impedido 
Nunca choraremos bastante quando vemos 
Que quem ousa lutar é destruído 
Por troças por insídias por venenos 
E por outras maneiras que sabemos 
Tão sábias tão subtis e tão peritas 
Que nem podem sequer ser bem descritas 

Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Livro Sexto'

--------------------------------------------------------------------------------Data{à maneira de Eustache Deschamps) 

Tempo de solidão e de incerteza 
Tempo de medo e tempo de traição 
Tempo de injustiça e de vileza 
Tempo de negação 

Tempo de covardia e tempo de ira 
Tempo de mascarada e de mentira 
Tempo que mata quem o denuncia 
Tempo de escravidão 

Tempo dos coniventes sem cadastro 
Tempo de silêncio e de mordaça 
Tempo onde o sangue não tem rastro 
Tempo de ameaça 

Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Livro Sexto'