28.5.13

PARA O MEU PAI

COM OS MORTOS

Os que amei, onde estão? idos, dispersos,
Arrastados no giro dos tufões,
Levados, como um sonho, entre visões,
Na fuga, no ruir dos universos...

E eu mesmo, com os pés também imersos
Na corrente e à mercê dos turbilhões,
Só vejo espuma lívida, em cachões,
E entre ela, aqui e ali, vultos submersos...

Mas se paro um momento, se consigo
Fechar os olhos, sinto-os a meu lado
De novo, esses que amei vivem comigo,

Vejo-os, ouço-os e ouvem-me também,
Juntos no antigo amor, no amor sagrado,
da comunhão ideal do eterno Bem.

ANTERO DE QUENTAL