8.4.13

A INCOMPETÊNCIA DESTE GOVERNO VAI LEVAR-NOS A TODOS PARA UM BURACO SEM FUNDO!!! COM O CAVACO SILVA NÃO PODEMOS CONTAR!!!

O GOVERNO LANÇOU GUERRA AOS PORTUGUESES.por Ségio Lavos do blog: O Arrastão

Ao ouvir o discurso de Pedro Passos Coelho ao país, não pude deixar de sentir que estava a assistir ao culminar de uma farsa construída nos gabinetes governamentais durante as últimas semanas.

A realidade desmente qualquer mistificação, vulgo spin. O Governo falhou. Falhou tanto e tão completamente que a troika ainda está a ponderar se liberta a próxima tranche do resgate. Falhou todas as previsões, sim, incluindo o défice e a dívida, e por larga margem. E sobretudo perdeu o país, e vai perdendo mais de dia para dia. O Governo falhou de forma tão desastrosa que o corte de 4000 milhões no estado social tinha sido adiado sem data prevista de anúncio. Fracassou em tudo, e apenas teve para apresentar ao país mais fracassos, quando Vítor Gaspar anunciou a revisão das metas orçamentais do défice, da dívida, do desemprego, da recessão.


Mas o Governo - e as centenas de assessores que tem contratado durante os últimos dois anos - sabia que ainda tinha uma última tábua de salvação: a decisão do Tribunal Constitucional sobre as normas ilegais do Orçamento. Por isso, adiou. Adiou a apresentação dos cortes - era suposto ter sido em Fevereiro; e adiou a remodelação - vem aí já a seguir. Não irei tão longe a ponto de achar que o Governo sabia muito bem que o TC iria decidir como decidiu, embora não seja de excluir que soubesse, desde o primeiro momento. Provavelmente, começou a perceber desde o início do ano que poderia usar o previsível chumbo a seu favor. Abril é o mês em que são tornados públicos os números da execução orçamental do primeiro trimestre, é o mês ideal para ensaiar esta desprezível farsa.

As notícias vindas dos gabinetes começaram a saltar como pipocas. os comentadores televisivos fizeram o seu papel, cumprindo na perfeição o guião decidido à partida. O papel dos comentadores políticos - os mais mediáticos são do PSD - é validar o rumo que está a ser seguido. E assim fizeram. As críticas ao Tribunal Constitucional, indignas de um estado de direito, multiplicaram-se. O pânico foi lançado na opinião pública: um chumbo significaria um segundo resgate - como se essse segundo resgate já não estivesse a ser preparado pelo Governo desde a última avaliação da Troika - e os mercados iriam por aí abaixo. O Governo não só sabia que isto iria acontecer como alimentou o pânico. E alimentou o pânico também com a história da queda do Governo. Os comentadores lá papaguearam a narrativa: a queda do Governo seria desastrosa para o país.

A verdade é que nem só o Governo teve alguma vez intenção de se demitir, como Cavaco Silva, desde o primeiro dia desta coligação, apenas existe para o manter em funções. Passos Coelho está tão colado ao poder como Miguel Relvas - tanto, que este teve de ser sacrificado para que Coelho pudesse continuar a ser primeiro-ministro. Para quê? Para transformar o país, ou, por outras palavras, acabar com a herança de Abril, destruindo o estado social e os valores que o regem, fazendo-nos regredir quarenta anos de uma assentada. A dramatização serviu um propósito, o chumbo do Orçamento é apenas um pretexto para continuar com o mais selvagem revanchismo da direita a que temos oportunidade de assistir desde o 25 de Abril.

Por isso, não surpreende que Passos Coelho e o PSD tenham demonstrado tanto desrespeito pela Constituição. O programa de destruição da democracia que estão a ensaiar implica, pela sua natureza, o completo desregulamento das instituições democráticas, começando pela lei fundamental do país. Portugal é, neste momento, um país a saque pela direita dos interesses e pelo capital financeiro que a apoia. Não vão cair, porque não têm respeito nem pelas leis nem por eles próprios, e têm um inútil da mesma cor política a ocupar a cadeira de presidente da República. O que falha, nesta narrativa? Apenas os limites para a paciência do povo. Porque parece-me que pouca gente acreditará no discurso de um Governo que está a empobrecer-nos para níveis há muito esquecidos. Um Governo que governa para os credores do país e para os seus interesses é um Governo a prazo. Não vai ser bonito, quando a guerra que está a ser lançada aos portugueses fizer ricochete. Estaremos todos cá para ver, de poltrona.
Por Sérgio Lavos do Arrastão